![Região desmatada convertida em savana no meio da floresta
Foto: Antonio Scorza/AFP](http://oglobo.globo.com/in/4665724-d27-563/FT500A/2007-093284-_20071211.jpg)
Método agrícola usado no passado pode salvar o futuro da Amazônia
Estudo de uma equipe internacional de arqueólogos e paleoecólogos revelou queimadas frequentes começaram após a chegada dos colonizadores europeus
Os povos antigos da Amazônia usavam métodos de agricultura sustentável que podem servir de exemplo para a atual ocupação e até recuperação de áreas degradadas da região. Estudo de uma equipe internacional de arqueólogos e paleoecólogos revelou que as savanas amazônicas só começaram a ser alvo de queimadas frequentes após a chegada dos colonizadores europeus.
A análise de pólen, carvão e outros restos de plantas (fitolitos) datados de mais de 2 mil anos em uma área de savana na Guiana Francesa mostrou que os habitantes originais do local praticavam a chamada "agricultura de campos elevados", que envolve a construção de pequenos montes de terra com ferramentas de madeira. Esses campos elevados permitiam melhor drenagem, aeração do solo e retenção de umidade, condições ideais para um ambiente que experimenta tanto secas quanto inundações. O plantio em elevações também se beneficiava de maior fertilidade com o material orgânico trazido pelas inundações e depositado nelas.
- Essa antiga e já testada forma de uso da terra poderia guiar a implantação de modernos campos de agricultura elevada nas áreas rurais das savanas da Amazônia - defende José Iriarte, professor da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e principal autor de artigo sobre o estudo, publicado no jornal “Proceedings of the National Academy of Sciences”. - A agricultura intensiva de campos elevados pode servir de alternativa para as queimadas, recuperar sistemas de savana abandonados e outros ecossistemas do tipo criados pelo próprio desmatamento. Ela tem a capacidade de diminuir as emissões de carbono ao mesmo tempo que dá segurança alimentar para algumas das mais pobres e vulneráveis populações rurais da região.
De acordo com o professor da Universidade de Exeter, a combinação das pesquisas arqueológicas e paleoecológicas, como a feita no estudo liderado por ele, estão ajudando a revelar detalhes antes desconhecidos sobre a ocupação da Amazônia pré-colombiana.
- Isso é muito bom, pois podemos reconstruir o meio ambiente e como era a interação dos humanos com ele - afirma. - As descobertas estão contribuindo enormemente para o debate sobre a natureza e escala do usos da terra em um vasto período histórico do qual muito pouco se sabia.
Mais do que revelar a História da Amazônia antes de Colombo, as descobertas em torno dos campos agrícolas elevados das savanas amazônicas devem servir para orientar o futuro da ocupação da região, acredita o pesquisador.
Outro problema revelado na pesquisa de Aragão é que a prática de queimadas é mais intensa e comum nas áreas utilizadas para a agricultura de subsistência quando comparadas com as de plantio industrial ou para a pecuária. Por outro lado, destaca o geógrafo, isso também pode ser uma oportunidade para a implantação de um sistema de manejo da terra que não use o fogo.
- Na agricultura de subsistência na Amazônia, o uso do fogo é muito alto e contínuo ao longo do tempo. Isso reforça a necessidade de dar alternativas às queimadas a essas populações.
Entre as opções está o Sistema Bragantino, que recebeu o nome por ter sido concebido na microrregião de Bragantina, no Nordeste do Pará. Ele consiste no cultivo contínuo de diversas culturas, em rotação e consórcio, por meio do plantio direto, o que mantém a área ocupada produtivamente e protegida durante todo o ano. Outra alternativa em estudo pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é o chamado Sistema Tipitamba, que substitui a prática do “corte-e-queima” pelo “corte-e-trituração” e incorpora antigas capoeiras ao processo produtivo. Ele usa um trator adaptado para cortar toda a vegetação a cerca de cinco centímetros do solo, triturando-a e usando como cobertura morta para proteção e adubação. Além de dispensar as queimadas, o sistema evita a perda de nutrientes acumulados na capoeira e protege o solo dos efeitos da erosão.
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