O especial do 'Valor' sobre a água
Carlos Vasconcellos | Para o Valor
A preservação dos recursos hídricos será um dos temas de destaque da Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, a Rio +20, que será realizada no Rio de Janeiro, de 20 a 22 de junho. Como anfitrião do encontro, o Brasil encontra-se em uma posição privilegiada no panorama global. Com cerca de 3% da população mundial, o país detém aproximadamente 13% das reservas de água doce do planeta. Água abundante, predominantemente superficial, que não está congelada em geleiras e é fácil de ser usada.
Esse, no entanto, é apenas o lado "meio cheio" do copo. Na verdade, cerca de 70% dessas reservas estão localizadas na Amazônia, distantes dos grandes centros urbanos onde vive a maior parte da população brasileira. "Nossas reservas são mal distribuídas", diz o geógrafo Wagner Costa Ribeiro, da USP. "Com isso temos dois grandes problemas: abastecer as grandes metrópoles, que já vivem uma condição crítica em termos de fornecimento de água, e o Semiárido nordestino, que representa 10% do território nacional e é a região mais povoada do mundo com esse tipo de clima."
E o problema pode se agravar. "Quanto mais a população se urbaniza, quanto mais aumenta a renda, mais aumenta o consumo de água. Isso já é visível em conglomerados urbanos como a região de Campina Grande, na Paraíba, onde vivem cerca de meio milhão de pessoas", diz.
De fato, o padrão de consumo é um dos pontos-chave para o futuro das reservas hídricas mundiais. "Somos educados para enxergar apenas o consumo doméstico", afirma Paulo Canedo, coordenador do Laboratório de Hidrologia da Coppe-UFRJ. "Ninguém se dá conta de que gastamos 11 mil litros de água para produzir uma calça jeans, três mil litros para produzir uma camiseta, 15 mil litros para produzir um quilo de picanha", enumera. "Os EUA gastam 400 litros de água por habitante ao dia. O mundo não comporta oito bilhões de pessoas com esse nível de gasto", diz Canedo.
Diante desse quadro, o Brasil pode ter boas oportunidades no futuro, aponta o especialista. "Com a dificuldade de produção de alimentos, podemos nos tornar um supermercado para o mundo, pois temos água, terra e variedade climática para isso."
Isso é uma realidade também no Rio de Janeiro, onde 70% do abastecimento provém do sistema do Guandu, interligado à Bacia do Paraíba do Sul. "Isso traz uma certa fragilidade, embora tenhamos uma relativa abundância hídrica no Estado", diz a presidente do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) do Rio, Marilene Ramos. Canedo, por sua vez, aponta um possível conflito futuro entre Rio e São Paulo, no momento em que São Paulo precisar avançar até a Bacia do Paraíba do Sul para buscar água para sua região metropolitana.
Vicente Andreu, diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão que tem como função regular o uso da água bruta nos corpos hídricos de domínio da União e implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, aponta alguns avanços no gerenciamento das águas no país, inspirado no modelo francês, que prevê a criação de comitês gestores por bacias hidrográficas. "O Brasil foi destacado, junto com a África do Sul, como um dos países com a legislação mais moderna para a gestão de recursos hídricos no 6º Fórum Mundial das Águas."
No entanto, Andreu admite que ainda há um longo caminho a percorrer. E a poluição continua sendo um problema dramático. "Embora o último Atlas de Abastecimento Urbano da ANA aponte que mais de 70% das águas tenham boa qualidade, e 11% tenham ótima qualidade, isso não acontece nas grandes cidades", explica. "Além disso, começam a surgir problemas de contaminação por agrotóxicos e fertilizantes no Cerrado e de poluição por esgoto e dejetos no Nordeste."
Por Maria Carolina Nomura | Para o Valor, de São Paulo
Não há como contestar a importância das campanhas de conscientização sobre o uso racional da água, mas sua eficácia só é percebida quando há, de fato, uma mudança no comportamento de quem utiliza esse recurso natural. E para isso, segundo os especialistas, é preciso que se coloquem em prática projetos de educação continuada que ensinem não só o valor da água como bem de consumo, mas sua relevância para a vida em si.
"Não basta dizer tome banho em cinco minutos, use a água racionalmente ou não lave a calçada com mangueira. É preciso, primeiro, entender qual é a relação do ser humano com a água e mostrar qual é o sua importância por meio de ações permanentes", explica José Galizia Tundisi, especialista em recursos hídricos, livre-docente em Ecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE).
Mais do que falar é preciso fazer. "Uma coisa é dizer que não se deve escovar os dentes com a torneira aberta. Outra, é distribuir copos para as crianças na escola e dizer que elas só poderão escovar os dentes com a quantidade de água que cabe neles. Fazendo assim, a criança assimila muito mais a mensagem e consegue replicá-la em casa", exemplifica.
Por Rosangela Capozoli | Para o Valor, de São Paulo. Num país onde reina a fartura de água, o maior desafio das companhias de saneamento básico é reduzir perdas e desperdícios que escapam pelos vazamentos, ligações clandestinas e hidrômetros desregulados.
Acreditamos que através da conscientização dos educandos e de sua comunidade, quanto ao uso da água é que mudará a atitude das pessoas. Só um povo educado e envolvido na administração da água e principalmente no controle, trará benefícios como consciência do real valor da água, promovendo o seu uso racional e reduzindo perdas e desperdícios. Garantindo o fornecimento de água para todos da atual e das futuras gerações e melhorando a qualidade de vida.
Fontes:
http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-especial-do-valor-sobre-a-agua#more O especial do 'Valor' sobre a água
Enviado por luisnassif, sex, 23/03/2012 - 09:26 Por Marco Antonio L.
Pesquisa e imagem: http://www.preservacaolimeira.com.br/agua/